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Mostrando postagens de janeiro, 2022

A importância artística, cultural e social da banda de Santa Cecília para a cidade de São Gonçalo do Pará-MG

  As bandas civis exercem um importante papel social nas comunidades onde se encontram, colaborando com a formação de uma identidade coletiva por meio da música, contribuindo para uma formação artística, social e sendo mantedoras da tradição cultural. A transmissão de saberes, as relações com a sociedade, a formação de novos músicos, são alguns dos aspectos que caracterizam e evidenciam a importância das bandas como agentes participativos desses processos que contribuem de uma forma única e muito particular para a construção cultural. As relações sociais consolidadas dentro das bandas são fundamentais para a criação de um sentimento de pertencimento, o que garante a sobrevivência das bandas, visto que é a partir da transmissão de saberes e das relações construídas dentro desse espaço de ensino e aprendizagem, não só de música, mas também da arte e cultura, que os participantes tendem a manter viva essa união e tradição. Após tomarmos conhecimento da história da banda de Sa...

História da Banda de Musíca Santa Cecília e a Entrevista com o Maestro Carlos Silva

Para o decorrer da história da Banda de Música Santa Cecília da cidade de São Gonçalo do Pará – MG, se fez extremamente necessário a História Oral e o uso da entrevista, pois há poucos registros disponíveis sobre a história desta banda. A história oral é uma metodologia de pesquisa que consiste em realizar entrevistas gravadas com pessoas que podem testemunhar sobre acontecimentos, conjunturas, instituições, modos de vida ou outros aspectos da história contemporânea. 1 De acordo com ALBERTI (2005, p. 11), o método de História Oral é muito importante, pois produz fontes de consulta, além de tornar também um acervo aberto a outros pesquisadores. Por muito tempo a História Oral, o depoimento, não era considerado um objeto de estudo e muito menos levava-se em conta o seu valor, considerando como algo subjetivo, uma visão parcial sobre algum acontecimento e sujeito a ter falhas. A entrevista demorou muito para ser considerado um documento. A entrevista é um importante meio de ampliar ...

A HISTÓRIA DE MINAS EM MAPAS

  A história de Minas Gerais já está bem consolidada na sociedade brasileira e principalmente entre os mineiros, períodos históricos como o ciclo do ouro fazem parte de capítulos de livros didáticos, artigos, produções audiovisuais etc. Mas algo que passa despercebido diante dessa história tão vasta são os mapas que representavam o território de Minas Gerais nessas épocas. Quando olhamos o mapa de Minas e nos deparamos com uma grande porção de terra anexado a um “nariz” a oeste, temos a impressão que desde o período colonial já era um território bem consolidado devido a geografia de suas fronteiras territoriais naturais. Fato é que a representação de Minas em mapas sofreu diversas mudanças ao longo dos anos, sempre como um reflexo político e econômico de Minas Gerais ao longo dos séculos. Nos séculos XVI e XVII, não houve nenhum mapa destacando o território onde hoje conhecemos como Minas Gerais, pelo fato do eixo econômico e demográfico do Brasil estar concentrado no litoral, a...

Resenha: Torto Arado

       O livro foi escrito por Itamar Vieira Junior e publicado em 2019. Recebeu um dos prêmios de literatura mais importantes do país, o Prêmio Jabuti, e também Oceanos da Literatura no ano de 2020. Visto isso, apresento uma breve resenha da leitura, tentarei evitar muitos spoilers para não romper as surpresas que a narrativa apresenta.      A história apresenta duas protagonistas, as irmãs Belonísia e Bibiana. Juntamente com seus país e a avô vivem na Fazenda Água Negra, no interior sertanejo. Após um acidente, as irmãs enfrentam suas consequências, entretanto acabam fortalecendo o laço entre as duas, adaptam-se a nova vida, desenvolve novas brincadeiras e meios alternativos de comunicação.      A história é narrada em três perspectivas femininas; as duas irmãs, as quais abordam seus pontos de vistas, a força das mulheres sertanejas e as relações familiares e também uma narrativa mítica onisciente do conto. Além disso, o livro acompa...

PROIBIÇÃO DO REINADO EM OLIVEIRA - MG

  O post de hoje começa com mais uma edição de jornal do início do século XX, e desta vez nos direcionaremos a cidade de Oliveira (MG). A edição do dia 27 de maio de 1923 do jornal local Gazeta de Minas contém o anúncio da proibição da Festa do Rosário pelo Bispo Dom Cabral, e expressa a opinião do autor: “ternos de homens e meninos fantasiados, não se sabe de que, a pularem pelas ruas, ás vezes durante oito dias, com cantos sem nexo e danças sem esthetica, debaixo do barulho ensurdecedor das caixas e de outros instrumentos selvagens” (sim, é de ficar chocad@ e não para por aí...). Bom, essa matéria reflete como foi a proibição do Reinado nesta cidade. A comemoração da Festa de Nossa Senhora do Rosário era realizada na Praça XV de Novembro, onde se situava a Igreja do Rosário, que, inclusive, foi destruída e em seu lugar foi construída a Igreja de Nossa Senhora de Oliveira. Quando o Bispo Dom Cabral proibiu a celebração, o vigário e o prefeito da cidade, que eram aliados ao mesmo...

PROIBIÇÃO DO REINADO EM BELO HORIZONTE

  O documento da imagem é datado de 30 de agosto de 1811, e se trata do Instrumento Público de Confirmação do Compromisso da Irmandade de Nossa Senhora do Rozario doz Pretos da Freguesia de Nossa Senhora da Boa Viagem do Curral de ElRey , sendo a Freguesia de N. S. da Boa Viagem o arraial sobre o qual a cidade de Belo Horizonte foi construída e inaugurada em 12 de dezembro de 1897 como a nova capital do Estado de Minas Gerais. Ou seja, antes mesmo de Belo Horizonte ser construída, já haviam Irmandades que celebravam o reinado.             Quando o assunto é a proibição do Reinado em Minas, é necessário refletir sobre a capital mineira, porque é dela que partem as ordens. Nesse contexto, temos o arcebispo da diocese de Belo Horizonte, Dom Antônio dos Santos Cabral, que proíbe, em 1923, a comemoração da festa. A justificativa oficial foram as danças que iam na contramão do catolicismo proposto pelo movimento de “romanização” ci...

TRAGÉDIAS EM MINAS: NATUREZA OU NEGLIGÊNCIA?

Em novembro de 2015, houve o rompimento de uma barragem de rejeitos em Mariana/MG, no distrito de Bento Rodrigues. Segundo os dados, aponta-se cerca de 50 a 60 milhões de metros cúbicos de lama despejados na natureza, matando 19 pessoas, desalojando moradores de várias casas que foram destruídas e afetando grande parte do ecossistema do local, impactando diretamente o Rio Doce. Em janeiro de 2019, ocorreu um outro rompimento de barragem, em Brumadinho/MG, considerado o mais letal registrado do setor de mineração do Brasil e um dos maiores desastres ambientais do país. O total de vítimas localizadas foi de 241 pessoas e outras mais ainda estão desaparecidas. Esses casos são um dos vários que assolou Minas Gerais, sem contar com aqueles que envolvem a falta de infraestrutura nas cidades, como tem acontecido em várias regiões devido aos alagamentos ocasionados pela chuva, os que remontam a irresponsabilidade de órgãos fiscalizadores, como aconteceu recentemente em Escarpas do Lago, em...

Resenha - Pequeno Manual Antirracista

  Djamila Ribeiro Sobre a autora:      Djamila Ribeiro nascida em Santos, São Paulo, é uma filósofa, feminista negra, escritora e acadêmica brasileira. É pesquisadora e mestra em Filosofia Política pela Universidade Federal de São Paulo. Tornou-se conhecida no país por seu ativismo na Internet, atualmente é colunista do jornal Folha de S. Paulo. Foi secretária-adjunta da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo, participou do grupo Promotoras Legais Populares (PLPs). Em 2018 entrou para a lista das cem pessoas negras mais influentes do mundo com menos de 40 anos distinção apoiada pela ONU, além vários outros prêmios internacionais. Sobre o livro:      Ao longo do livro a autora reflete sobre diversos âmbitos do racismo, em especial no Brasil, como apropriação cultural, ultrassexualização da mulher negra, violência contra o negro e criminalização da pobreza . Ela inicia a escrita falando sobre um fenômeno historiográfico que muito...