A tradição da cavalgada é uma
prática comum em cidades interioranas e possui muita relação com a festa de
rodeio, tendo sido inclusive um dos momentos mais marcantes da Divinaexpo
durante anos. O grande desfile de cavalos, cavaleiros e peões é algo
característico desses festejos, e também ocorria assiduamente no município de
Igaratinga. Contudo, para conhecer como se desenvolveu a cavalgada no
município, pode-se aprofundar em sua história e verificar como foi importante a
atuação com os outros animais para o desenvolvimento econômico da região
através do comércio.
O transporte de mercadorias e a
locomoção entre o povoado e outras regiões, seja para a comercialização de
produtos ou outras atividades eram realizados principalmente por lombo de
burros, carro de bois (principalmente para comércio) ou cavalo. De acordo com
entrevistas* realizadas com moradores, o comércio com São Paulo e Rio de
Janeiro durava cerca de 03 (três) meses e era feita no lombo
de burros, enquanto o transporte até Itaúna durava cerca de 02 (dois) dias.
Assim, a cultura dos tropeiros e dos caipiras ganhou grande relevância social,
cultural e econômica, principalmente pelo seu modo de vida.
Esse resgate histórico, sem dúvida
tem impacto na prática da cavalgada e em seu significado para a população. Quanto
à sua tradição em Igaratinga, Jaime relatou que Geralda do Sinhô e sua família
foram os primeiros a realizar o rito, ainda na primeira metade do século
passado. Jaime tomou a frente da organização posteriormente e a manteve por
aproximadamente 30 (trinta) anos, sempre no mês de maio, cessando suas
atividades somente em 1997. Desde então, infelizmente a festa não ocorre mais,
tendo sido realizada algumas poucas vezes com a ajuda da Comitiva da Viola do
município.
A cavalgada ocorria somente na Sede,
porém, acontecia também no povoado de Várzea da Cachoeira em comemoração ao dia
de São José, seu padroeiro. No dia da cavalgada, o município recebia visitantes
de cidades vizinhas como Itaúna, Pará de Minas e Florestal. Quando chegavam, se
dirigiam ao Curral do Leilão, localizado próxima à entrada de Igaratinga,
passeavam pela cidade e paravam na praça. Lá ocorriam shows e comemorações com
comidas típicas, e posteriormente retornavam ao Curral. A tradição, apesar de
não ocorrer mais, possui muita importância para a população que recorda os
festejos, e ainda se relaciona com outros desdobramentos e momentos do rodeio,
como a Queima do Alho, presente com grande força no calendário festivo e
cultural do município.
Texto por: Ana Carolina Moreira Barcelos
Fernando Cordeiro dos Santos.
Revisão e postagem: Débora Sara de Andrade Mota
Referências
Entrevista
realizada com Jaime Donizete da Fonseca, atual Secretário Municipal de Cultura,
Esporte e Turismo de Igaratinga, e que organizou durante aproximadamente 30
(trinta) anos a Cavalgada no município.
* As
entrevistas foram realizadas no contexto do Programa ICMS Patrimônio Cultural
desenvolvido pela Prefeitura Municipal de Igaratinga e convênio com a
Universidade do Estado de Minas Gerais através do Centro de Memória – CEMUD. O
levantamento de dados foi realizado por Flávia Lemos Mota de Azevedo (Mestre em
História e Professora da UEMG – Unidade Divinópolis) e Fernando Cordeiro dos
Santos (Graduando em História na UEMG – Unidade Divinópolis).
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