O movimento feminista de forma
organizada surgiu na década de 1960 nos Estados Unidos influenciando vários
países do ocidente com essa vertente de pensamento. No Brasil, essa influência
chegou principalmente devido à modernização estrutural que estava ocorrendo no
país. Entretanto outro fator teve mais influência na formação desse movimento
no Brasil: a ditadura militar.
Na década de 1970, chamava-se
Movimento Das Mulheres. Esse estava interligado a vários outros movimentos que
ocorriam na época contra a sociedade opressiva perpassa. As mulheres se tornam
parte essencial dentro das organizações civis e dos partidos políticos
opositores. Sendo essa uma forma de empoderamento, iniciando um processo de
representatividade feminina em grandes posições e fomentando um debate sobre o
papel da mulher na sociedade.
Apesar das mobilizações na
década de 1970, foram iniciadas em sua grande maioria, nas camadas médias
urbanas e apresentava-se excludentes. Visto que não se levava em consideração
as diversas interseccionalidade presentes no Brasil. Consolidou-se como
movimento interclasse no final da década, após um período de expansão aliado as
camadas populares. O movimento feminista também se mostrou presente dentro das
universidades, visto que muitas mulheres tinham contato com os estudos
feministas acadêmicos, contribuindo para fortalecer e teorizar sobre o
movimento no território nacional.
Outro marco importante, também
na década de 1970, foi a participação das mulheres nas lutas armadas sendo
assim, uma grande transgressão do estereótipo feminino de mulher frágil e
calma. Além disso nesse mesmo período, surgiram os debates em relação a
violência da mulher no âmbito doméstico. Mulheres lutavam nas ruas por uma
melhora na sociedade, mas não encontravam uma mudança de opressão patriarcal
dentro de suas casas.
Em 1979 com a Lei da Anistia,
muitas exiladas voltam para fortalecer o movimento com seus reflexões e
aprendizados no exterior, tanto sobre o movimento como as diferentes formas do
papel da mulher na sociedade, principalmente na Europa. Durante a década de
1980 com a redemocratização o movimento se une aos outros movimentos sociais
dessa forma ganhando mais adesão nas camadas populares.
Em 1984 é criado o Conselho Nacional
da Condição da Mulher que inclui os direitos femininos na carta constitucional.
Assim diversos debates surgiram sobre as demandas femininas fazendo com que
direitos fossem consolidados na constituição de 1988.
Entretanto mesmo com vários
direitos garantidos as mulheres ainda tinham diversas demandas a serem
debatidas, exemplo disso a violência doméstica. Esse foi um tema de grande
debate ao longo da década de 1990 se encontrando solução jurídica apenas em
2006 com a criação da Lei Maria da Penha. Mas deve se ter em mente que mesmo
com essa lei muitas mulheres ainda sofrem com a opressão masculina dentro no
ambiente familiar.
Tento em vista a trajetória do
movimento feminista no Brasil e suas influências externas, pode-se notar
vitórias significativas nas últimas 60 décadas. Entretanto no último boletim
(2019) disponibilizado pela Secretaria de Segurança de Minas Gerais,
aproximadamente 150.674 mulheres foram vítimas de violência doméstica e
familiar, em Divinópolis essas denúncias chegaram a 1.496 casos.
Esses números demonstram que a
luta está muito longe do fim, as situações de opressão e violência ainda são
uma variável muito presente no cotidiano das brasileiras. Sendo assim, é
importante consolidar o movimento ainda mais e promover redes de apoio e
segurança para que as vítimas consigam realizar as denúncias de forma segura e
efetiva.
O movimento é de suma
importância para a emancipação feminina dos sistemas opressivos e patriarcais
que ainda estruturam nossa sociedade. A luta é crescente e muito necessária,
visto que milhares ainda são vítimas da violência simbólica e física dentro do
Brasil.
Texto por: Millena Rezende E Andressa Boim
Revisão e postagem por: Débora Sara de Andrade Mota
Referencias:
ALVES, Ana Carla Farias. ALVES,
Ana Karina da Silva. AS TRAJETÓRIAS E LUTAS DO MOVIMENTO FEMINISTA NO BRASIL E
O PROTAGONISMO SOCIAL DAS MULHERES. IV Seminário CETROS Neodesenvolvimentismo,
Trabalho e Questão Social. Fortaleza, maio de 2013.
Mariza Corrêa. Do feminismo aos
estudos de gênero no Brasil: um exemplo pessoal. DOSSIÊ: FEMINISMO EM QUESTÃO,
QUESTÕES DO FEMINISMO. Cadernos pagu: (16). 2001: pp.13-30.
SARTI, Cynthia Andersen.
Feminismo no Brasil: Uma trajetória particular. Cad. Pesq., São Paulo, p.
38-47, fev,1988.
SARTI, Cynthia Andersen. O
feminismo brasileiro anos 1970: revisitando uma trajetória. Estudos Feministas,
Florianópolis, 12(2): 264, maio-agosto/2004
SECRETÁRIA de Segurança.
Diagnósticos semestrais de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher em
Minas Gerais. Minas Gerais, 2017 à 2019.
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