Agora, pensando em
algumas características que unem a figura caipira à Festa Junina, começaremos
pelas próprias vestimentas! Botas e botinas, blusa xadrez e o famoso chapéu de
palha marcam o vestuário tanto daqueles que participam da Festa de São João,
quanto dos homens e mulheres que vivem no campo. Mesmo que neste caso, algumas
peças são mais para auxiliar no trabalho rural, do que para complementarem o
visual. Em reportagem do Correio Braziliense publicada em 18 de junho de 2021,
o pesquisador Alberto Tsuyoshi Ikeda comenta ainda sobre os valores simbólicos
e emocionais das vestimentas caipiras para os festejos juninos, já que podem
lembrar pais e avós que vivem ou viviam no meio rural. Outro ponto a ser
destacado é o próprio lugar onde essa comemoração é realizada. Quando não é nas
escolas, é nos terreiros das casas da roça, e a comida típica também é servida
agradando a todxs.
Por fim, temos a própria
música sertaneja que invade cada vez mais os espaços da festa. Quem nunca
dançou “é na sola da bota, é na palma da mão” interpretada pela dupla sertaneja
Rio Negro e Solimões? Ou ainda “eu chamo na espora, vamos embora que hoje é dia
de rodeio” interpretada pela dupla também sertaneja Leandro e Leonardo? Essa
inserção de outros gêneros musicais nas festividades juninas geram indignações
por parte de alguns cantores e compositores, já que o forró é tradicionalmente
o “gênero oficial”. Em reportagem da Veja publicada em 12 de junho de 2017 é
possível observar a discordância da cantora Elba Ramalho em relação à situação,
a reportagem reproduz alguns comentários feitos pela nordestina como “São João
não é festa de peão”. Fazendo alusão às comemorações de rodeio nas quais o
gênero sertanejo é tão presente.
Mas retomando à discussão
inicial, vamos voltar um pouco no tempo e tentar entender quem é essa figura do
caipira, e como ela surgiu no Brasil? Para isso utilizaremos as reflexões de Paulistânia caipira de Darcy Ribeiro em
sua obra “O povo brasileiro” que depois virou um documentário com mesmo nome. A
tradição e cultura caipira surgiram no período colonial, a partir do momento em
que os bandeirantes ficaram sedentários e começaram a criar gado e porcos,
produzindo queijo e toucinho. A Paulistânia
para o pesquisador é uma região que não respeita as fronteiras dos Estados, e
engloba São Paulo, Goiás, Mato Grosso, uma parte do Paraná e boa parte de Minas
Gerais. Apesar de Darcy Ribeiro afirmar que São Paulo é uma cidade que destrói a
cultura caipira, podemos perceber em Minas uma presença ainda muito forte, e
uma Festa Junina tão maravilhosa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
DARCY Ribeiro – Documentário O Povo
Brasileiro (Capítulo 7). YouTube,
2020. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=6npfhrpC5qU. Acesso em: 28
jul. 2021.
RANGEL, L.H.V. Festas juninas festas de São João: origens, tradição e história. São
Paulo: Publishing Solutions, 2008. Disponível em:
https://docplayer.com.br/1630392-Fest... Acesso em: 28 jul. 2021.
REDAÇÃO. Elba Ramalho critica sertanejo no
São João: ‘não é festa do peão’. Veja,
2017. Disponível em: https://veja.abril.com.br/cultura/elba-ramalho-critica-sertanejo-no-sao-joao-nao-e-festa-do-peao.
Acesso em: 28 jul. 2021.
VEIGA, E. Festa junina: a origem da
celebração pagã que virou religiosa e ‘caipira’ no Brasil. Correio Braziliense Brasil, 2021. Disponível em:
https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2021/06/4932234-festa-junina-a-origem-da-celebracao-paga-que-virou-religiosa-e-caipira-no-brasil.html.
Acesso em: 28 jul. 2021.
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