O
futebol é estritamente ligado a política por despertar uma forte paixão e
interesse do povo brasileiro. Isso faz com que os políticos e a classe
dominante busquem se articular para colocar suas ideologias no campo.
Ao
chegar no Brasil através do estudante Charles Miller, apenas a elite teve
acesso ao esporte. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, as escolas frequentadas
pelos filhos da alta classe social sofreram uma forte pressão por parte dos
pais e acabaram adotando o futebol como um mecanismo de recreação para os
estudantes.
O
esporte começa a se popularizar alguns anos depois e podemos citar um fator
para isso: o processo de industrialização brasileira. Muitos executivos das empresas
formavam times, mas precisavam de mais pessoas para completá-los. Assim,
chamavam os seus trabalhadores para participar das partidas e acabavam por lhes
oferecer regalias no serviço, em jornadas mais curtas e trabalho mais leve,
para que pudessem sempre estar aptos a praticar o futebol.
Desse
modo, formou-se o primeiro time não inteiramente elitizado no Brasil e mais
tarde, uma massa proletária que se unia para jogar futebol se chamará Bangu, time
localizado na cidade do Rio de Janeiro.
O avanço das indústrias e crescimento do proletariado
contribuíram para a disseminação do futebol no Brasil, com negros e mulatos
sendo incorporados no esporte. O Bangu também foi pioneiro em aceitar essas
pessoas.
Os
jogadores, a partir de então, entram em uma briga entre a profissionalização do
futebol e o mantimento do amadorismo.
Em 1930, o país passa por uma crise
política, onde os militares tiram Washington Luís da presidência e Getúlio
Vargas assume o comando o Brasil, encerrando a Velha República e iniciando a
Segunda República. Esse governo iria procurar beneficiar as políticas
trabalhistas em um primeiro momento, impactando o esporte diretamente. Nesse
contexto, Getúlio Vargas regulamenta o futebol profissional, para conseguir
apoio da classe proletária que lutava nesse lado do movimento.
Dessa forma, o futebol começa a ser
usado como um sistema de disseminação política, que está presente até os dias
atuais. Ao conquistar a paixão do povo, o futebol é palco de tentativas de
governantes para conseguir apoio popular através de incentivos e elogios aos
clubes buscando satisfazer os torcedores.
A matéria publicada por João
Guilherme Lima Melo para o Fala!Puc em 2018 diz:
‘’Quando
colocamos em pauta uma comparação entre o preço dos ingressos no Brasil com o
de outros países, vemos que os clubes brasileiros estão em “dívida” com seus
torcedores. Em um estudo realizado por Oliver Seitz, consultor de Football
Business do Johan Cruyff Institute, de Barcelona, foram coletados
dados que comprovam que, para as camadas mais pobres, o ingresso
brasileiro é o mais inacessível do mundo. [...] Enquanto
um torcedor brasileiro precisava trabalhar 10 horas e 18 minutos para comprar o
ingresso mais barato do Cruzeiro (campeão brasileiro em 2014), um torcedor do
Bayern de Munique precisava destinar apenas 1 hora e 48 minutos do seu trabalho
para acompanhar uma partida do então campeão alemão. E esses dados refletem
diretamente na baixa taxa de ocupação e na baixa média de público do campeonato
brasileiro.’’
O processo de socialização do futebol
é lento e demorado, as tentativas da elite de voltar a fazer o esporte ser
restrito a uma pequena parcela da população é real e as lutas ainda estão longe
de terminarem. Apesar de muitos acreditarem que o
futebol é apenas o ópio do povo, é necessário pensar e refletir em como o
esporte é usado pela classe dominante para manipular as massas a seguirem a sua
forma de pensar.
Referências:
CALDAS,
W. (1994). Aspectos sociopolíticos do futebol brasileiro. Revista USP, (22),
40-49. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9036.v0i22p40-49.
MELO,
J. G. de. O
impacto do preço dos ingressos no futebol brasileiro. Fala!Puc, 2018.
Disponível em.: https://falauniversidades.com.br/preco-ingressos-futebol-brasileiro/Acesso
em.: 14 de mai. de 2021.
Texto por: Rafaela
T. Nunes
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