O museu da Inconfidência localizado em Ouro Preto, Minas Gerais apresenta um acervo e exposições voltadas ao processo da Inconfidência Mineira, que ocorreu no ano de 1789, e também sobre a sociedade na época colonial. A história desse museu se inicia em 1924 quando caravanas de intelectuais paulistas iam para as cidades históricas no interior, entre elas Ouro Preto. Junto desses intelectuais paulistas estavam grandes escritores mineiros como Carlos Drummond de Andrade, Pedro Nava, João Alphonsus e Emilio Moura.
Com esse processo se intensificou uma redescoberta do passado brasileiro baseado no nacionalismo e regionalismo. Com a entrada de Getúlio Vargas ao cargo de presidente, por meio do Golpe de 1930, ele se tornou figura principal para a construção do museu. O processo se iniciou em 1933 quando Ouro Preto foi elevada a monumento nacional, entrando apenas no ano de 1980 na lista do patrimônio mundial da UNESCO.
Imagem de Tiradentes, Joaquim José da Silva Xavier, e da Inconfidência Mineira se modificou ao longo da historiografia para se adequar aos momentos em que a sociedade se encontrava. Exemplo disso a sua utilização pelo movimento republicano no século XIX que o elegeu como mártir cívico-religioso e antimonarquista.
Contemporâneo a criação do museu a imagem de Tiradentes e da Inconfidência Mineira tiveram sua consagração definitiva. Exemplo dessa modificação de narrativa foi quando em 1936 Getúlio Vargas e o ministro da educação Gustavo Capanema juntamente com o então Governador de Minas, Benedito Valadares, desenvolveram um projeto de reparação histórica aos participantes da Inconfidência Mineira.
O prédio onde se encontrava a antiga Casa da Câmara e antiga Cadeia de Ouro Preto foi doado a união pelo Estado de Minas Gerais para se tornar o Museu da Inconfidência em 1938. Sendo restaurado e adaptado pelo então recém criado serviço do patrimônio histórico e artístico nacional.
Em 21 de abril de 1942 é inaugurado o jazigo homenagem a 150 anos da sentença de Tiradentes. Data essa também em que se comemora o feriado de Tiradentes em âmbito nacional desde 1890. Essa inauguração teve a presença de Getúlio Vargas. Além disso foi utilizado quartzito colorido da serra do Itacolomi, localizada em Minas Gerais, com o intuito de se criar um ambiente voltando ao regionalismo e nacionalismo.
Ocorreu a transferência dos restos mortais dos originais dos Autos da devassa e do Acordão da alçada para o museu, exceto de Tiradentes devido ao fato de que seu corpo não foi enterrado propriamente. Após isso se realizou uma reforma ao redor do museu para compor o cenário e recuperar passado colonial ressaltando o caráter regional e nacional.
Até que em 1944 por meio de lei decreto se cria o Museu da inconfidência sendo inaugurado em 11 de agosto de 1944 comemorando o bicentenário do nascimento de Tomas Antônio Gonzaga, participante importante da Inconfidência Mineira. O museu se tornou um ponto turístico importante de Minas Gerais além de obter um grande acervo referente a Inconfidência Mineira, acontecimento histórico tão importante para o estado.
Referencias
BRUSADIN, Leandro Benedini. A dinâmica do patrimônio cultural e o Museu da Inconfidência em Ouro Preto (MG). Tese (Doutorado em História). Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Ciências Humanas e Sociais. Franca 2011.
DOLCI, Mariana de Carvalho. Personagem imortal – a construção da memória de Tiradentes no museu paulista e no museu da inconfidência. Tese (Mestrado em história social). Pontifícia universidade católica de São Paulo. São Paulo. 2014.
Texto produzido por Millena Carmo
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