Em
1989 Kimberlé Crenshaw por meio de seu artigo “desmarginalizando a intersecção
de raça e sexo: uma crítica feminista negra da doutrina antidiscriminação,
teoria feminista e política antirracista” a autora apresentou o termo
interseccionalidade. O conceito desse termo já era pensado antes disso, mas
nesse momento ele se consolidou. Muito utilizado, principalmente na luta negra
feminista, apresenta como pautas ligadas a raça, gênero, classe, orientação
sexual, entre outras, se sobrepõe na vida de muitos sujeitos de forma opressiva.
Exemplo
de interseccionalidade ocorre quando o sujeito é homossexual e negro, se
baseando em algumas das pautas estudadas nesse projeto do PIBID que são os
movimentos negros e LGBT. Existem diversos sujeitos que fazem parte desses e
outros grupos apresentados acima. Entretanto em alguns casos é possível
perceber que a luta se propõe a ser tão focada em apenas um movimento que se
esquecem da interseccionalidade, dessa forma valorizando apenas uma das
características.
Um
exemplo disso é no feminismo onde muitas vezes a luta favorece apenas as
mulheres brancas pois se esquecem das especificidades da opressão que sofre uma
mulher negra. Isso gera a necessidade de alguns sujeitos de lutar por diversas
causas e sofrer preconceito por ter diversas condições que sofrem com a
opressão na sociedade. Exemplo disso é a citação de Bell Hooks em seu livro, O
feminismo é para todos.
“Dentro
do movimento feminista passado e presente, as lésbicas sempre tiveram que
desafiar e confrontar a homofobia, de forma bastante similar com que todas as
mulheres não brancas, independente de preferência ou identidade sexual
desafiaram e confrontaram o racismo.” (Hooks, 2020, 142)
Além
disso deve se perceber que os sujeitos que se encontram presentes nessa
interseccionalidade acabam se tornando mais expostos tanto ao preconceito
quanto a violência que ocorre de forma constante a esses grupos, ocasionando
uma vulnerabilidade tanto física quanto psicológica. Dessa forma a desigualdade
apenas se expande se tornando cada vez mais difícil de se alcançar os direitos
e maneiras de se livrar da opressão presente na sociedade.
Outro fator importante ao falar sobre o assunto é a possibilidade de colocar as lutas ao mesmo nível, visto que algumas são mais opressoras e letais aos sujeitos do que outras. Não se deve criar hierarquias entre as lutas e sim avaliar como cada uma age no contexto social, buscando encontrar formas de auxiliar na modificação desse quadro em que a sociedade se encontra, combatendo atitudes machistas, racistas, homofóbicas, entre tantas outras opressões.
Referências
ARAÚJO,
Ludgleydosn Fernandes de. ALVES, Mateus Egilson da Silva. Interseccionalidade,
raça e sexualidade: Impressões para a velhice de negros LGBTI+. Revista de
Psicologia da IMED, Passon Fundo, vol. 12, n.2, p.161-178, Julho- Dezembro,
2020.
HOOKS, Bell. O feminismo é para todo mundo: políticas
arrebatadoras/ bell hooks; tradução Bhuvi Libanio. – 13ª ed. -Rio de
Janeiro: Rosa dos Tempos, 2020.
TEIXEIRA,
Sérgio Henrique. Pensando a intersecionalidade a partir da vida e morte de
Marielle Franco. Dignidade Re-Vista, v. 4, n 7, julho 2019
Texto produzido por Millena Carmo
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