As visitas inquisitoriais se configuravam como um mecanismo utilizado pela Igreja Católica, para vigiar e punir os colonos e os possíveis hereges durante o período colonial, entre os séculos XVI e XVIII. Apesar de o Tribunal do Santo Ofício, não ter se estabelecido no Brasil, e sim somente em Portugal e na Índia, a Igreja enviava frequentemente, para as capitanias, emissários inquisidores para investigarem, verificarem e controlarem os corpos e o comportamento dos colonos. Há inúmeros registros históricos de visitas inquisitoriais em Minas Gerais, sobretudo, no século XVIII, que relatam casos de heresia e blasfêmia, quase sempre relacionados aos cristãos-novos (judeus convertidos que muitas vezes vinham fugidos da Europa, como retrata o meme), à sodomia, à feitiçaria e adivinhação, à bigamia e a outros vários comportamentos condenados pelos preceitos católicos.
Como no Brasil não foi estabelecido um Tribunal do Santo Ofício, e o que ocorriam eram apenas visitações em Estados como Bahia, Pernambuco e Minas Gerais, foi necessário o auxílio dos religiosos e autoridades locais, assim como as denúncias de pessoas próximas e/ou já presas. As visitas nos domínios portugueses foram frequentes principalmente no século XVI e início do XVII, e os inquisidores possuíam autonomia. Dessa forma, o Santo Ofício estabeleceu uma rede de colaboração formada por comissários, notários e familiares. O objetivo era o controle dos corpos, comportamentos e crenças da população em um momento em que o catolicismo era predominante, e aqueles que não o seguia fielmente poderia ser denunciado.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
FEITLER, Bruno. A ação da Inquisição no Brasil: uma tentativa de análise. In.: FURTADO, J. F.; RESENDE, M. L. C. de. (orgs.) Travessias inquisitoriais das Minas Gerais aos cárceres do Santo Ofício: diálogos e trânsitos religiosos no império luso-brasileiro (sécs. XVI – XVIII). 1ª ed. Belo Horizonte: Fino Traço, 2013.
BETHENCOURT, Francisco. A História das Inquisições: Portugal, Espanha e Itália – séculos XV-XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
REFERÊNCIA DAS IMAGENS:
FERNANDES, Neusa. Ação Inquisitorial nas Minas de Ouro. In.: A Inquisição em Minas Gerais: processos singulares. 1ª ed. Vol. 2. Rio de Janeiro: Mauad X, 2016, p. 61-117.
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