Construção da visão do negro na história do Brasil
A construção da visão do negro ao longo da história do Brasil foi de
grande influência para a construção e afirmação do racismo estrutural, na
discriminação e na desigualdade presente na sociedade até os dias atuais.
A discriminação racial remonta desde o período colonial no Brasil mas
foi ser sistematizada apenas no século XIX com o início da historiografia
brasileira que teve como um dos principais intuitos o de auxiliar na formação
da identidade uma nação. Em 1838 foi criado o Instituto Histórico Geográfico
Brasileiro para coordenar as pesquisas e na área e auxiliar na construção da
identidade brasileira. Diversas ideias foram expostas na época até que em 1840
foi feito um concurso buscando a melhor tese para explicar a sociedade brasileira.
Karl Philip von Martius recebeu o prêmio com o projeto “Como escrevera história
do Brasil”. Com essa tese foi explicado a gênese da sociedade brasileira de
forma hierárquica colocando os brancos como superiores exemplo de civilidade.
Essa visão de hierarquia permaneceu em grande parte das pesquisas e materiais
didáticos no período imperial.
Com o fim da escravidão e a proclamação da república esse pensamento se
manteve, principalmente com o advindo do Darwinismo social, e trouxe como
consequência a politica de branqueamento com os imigrantes europeus chegando ao
Brasil em massa. Dessa forma a miscigenação do povo brasileiro aumentou cada
vez mais.
Apenas em 1930 Gilberto Freyre, sociólogo importante no período,
escreveu Casa Grande & Senzala e nele pontou a mescla de povos na sociedade
brasileira mas expondo que características positivas foram herdadas de todos os
povos, sejam negros, indígenas ou brancos. Entretanto isso acabou acarretando
na criação de uma democracia racial que pregava a igualdade dentro dessa
mescla, sendo esse pensamento desconstruído na década de 1950 por pesquisadores
mas permanecendo no imaginário de muitos até os dias contemporâneos.
As pesquisas sobre a desigualdade racial no Brasil surgiram na década de
1950 buscando cada vez mais explicitar a desarmonia entre a população. Exemplo
disso em 1974 o sociólogo Florestan Fernandes, importante pioneiro nessa área,
já explicava a desigualdade no Brasil de forma que ainda é possível ver dias
atuais.
Em 1980 estudos sobre a vida dos escravos se tornaram cada vez mais
presentes com o intuito de retratar a realidade da sociedade escrava no Brasil.
Isso foi de suma importância pois antes os escravos eram sempre vistos de forma
estereotipada e superficial. Com esses estudos foi possível aprofundar na
história e cultura dos afro-brasileiros e ter um maior conhecimento dentro da
academia sobre eles. Entretanto é essencial lembramos a importante participação
da história oral e local na transmissão e preservação da história, da cultura,
e das tradições afro-brasileiras.
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